data-filename="retriever" style="width: 100%;">Mais do que pode ser, a vida é maravilhosa! Tenho nas mãos agora um livro encantador escrito por Rosa Artigas sobre sua mãe: Virgínia Artigas, Histórias de Arte e Política.
Armênio, nosso camarada sereno e cordial, instalou a amizade entre nós. O livro no qual celebramos sua memória - Nosso Armênio - será lançado em São Paulo no dia 17 deste mês, março de 2020. Trinta e um amigos, inclusive nós, derramam emoções e afeto no quanto escreveram a respeito do "Tio", como o chamávamos. Mas o que agora me fascina, de verdade, é o livro da Rosa.
Um livro no qual o encanto desdobrado em pinturas e desenhos de Virgínia é reconstruído nas palavras de sua filha. Mais, não apenas reconstruído, expandido até o infinito, para além da literatura, do uso estético da linguagem escrita.
O que Rosa pratica neste livro não é arte literária, arte que - como se diz por aí - é apenas técnica de compor e expor o que se escreveu. Eu mesmo tenho tentado praticá-la, essa arte, inclusive em um texto alusivo ao prédio no qual vivi quando jovem. O Edifício Louveira, projetado por seu pai - o notável arquiteto Vilanova Artigas - na Praça Vilaboim, em São Paulo, tombado em 1992 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
Rosa vai muito além. O que escreve no último capítulo do livro sobre sua mãe - Bom dia, tristeza - me traz um nó na garganta e lágrimas aos meus olhos. Os artigos que quinzenalmente são aqui publicados não podem exceder certo tamanho. Não fosse assim, este eu estenderia sem parar. Tento escolher uma ou outra de suas frases para aqui transcrever. Inutilmente, no entanto, pois todas seriam pouco e poucas seriam nada.
Depois que o pai de Rosa se foi para o céu, Virgínia insistiu em permanecer sozinha em casa. Isso porque ali - dizia ela - existia o jardim ao qual as crianças adoravam ir. Porque não se sentia uma velha inútil e não desejava vender sua casa. Se a vendesse - palavras dela - construiriam um monstrengo no lugar! Não havia como, nem para onde levar a montanha de livros que guardava!
O tempo foi, contudo, passando até o dia no qual Virgínia foi internada em um hospital e disse-lhe baixinho, segurando a mão de Rosa, que estava com medo. Rosa mentiu, disse-lhe que ela estaria em casa de novo.
Nas últimas linhas deste livro agora entre minhas mãos, Rosa conta que mandou um beijinho a sua mãe, saiu do quarto e sentou-se em uma cadeira no corredor comprido da área de espera do hospital e disse-lhe, como se ela pudesse ouvir, que também estava com medo...
Rosa, não sei mais o que dizer, mas sai do meu coração agora um grito mais do que sincero: você fez mais, muito mais do que literatura ao escrever esse livro. Você é maravilhosa!